quinta-feira, 24 de junho de 2010

Redimindo a Disney


Uma reflexão que fiz quando comecei a estudar esses assuntos de desenhos animados e filmes foi sobre a Disney.

Tenho notado que o “ministério cabelo em ovo” coa um mosquito e engole um camelo. Nunca recebi um email pedindo para não assistir Ben 10 ou outro “super-herói”. Também nunca vi protestos contra uma novela comum da TV. Mas recebi várias mensagens de líderes recomendando que o povo não assistisse à novela Caminho das Índias. E é assim sempre que aparece uma novela que fala do mundo espiritual, os líderes não deixam as pessoas assistirem.

E foi aí que liguei o desconfiômetro. Uma das minhas teses é que se os religiosos estão falando mal de alguma coisa, se estão perseguindo, vou investigar. Normalmente se eles não gostam é porque deve ter alguma coisa boa para aprender.

O assunto não é Caminho da Índias, mas quem não viu, perdeu. Tirei muita reflexão boa da novela e fiquei muito indignada em constatar que fomos roubados de várias práticas boas que eles têm, como ter cuidado com o que fala e usar as palavras para abençoar as pessoas. E o que foi aquele casamento? Lógico que ignorando a parte religiosa, o casamento deles é lindo demais, é uma festa de verdade, muita alegria. Os nossos comparados aos deles parecem velórios. Fomos roubados.

As pessoas não assistiram à novela Caminho das Índias, mas assistem às outras que acham que não têm nada demais: só divórcios, brigas, gritarias, pornografia, imoralidade, assassinatos etc etc. Já vi líder de intercessão não querer ir a um encontro de amigos porque era o último capítulo da novela. Mas Caminho das Índias ela não viu. Fazer o quê? Só lamento por ela, perdeu uma grande aula de guerra espiritual.

Então volto à Disney. Todos nós já ouvimos alguém falando mal da Disney, já lemos sobre os boicotes que os evangélicos dos Estados Unidos promovem, já vimos palestras sobre as mensagens subliminares, as imagens ocultas nos desenhos. É, eu também caí nessa.

Mas aí veio a história do Procurando Nemo e depois vi Carros, e depois vi Nárnia. E fui percebendo que os filmes eram ótimos, que as mensagens eram positivas e que os religiosos me enganaram. Comprei todos esses filmes, assisti a todos umas trocentas vezes, sei as falas de cor, me emociono e rio das tiradas inteligentes. E como já disse, mudo o quadro ou tiro o som das cenas de feitiçaria.

Um episódio que me marcou aconteceu com uns amigos religiosos que não tinham visto Nárnia porque é da Disney, mas eles nem sabiam que o livro Crônicas de Nárnia foi escrito por C.S. Lews. Eles não conheciam nada sobre o filme... porque era da Disney.

Enfim, queimam a Disney na fogueira, mas assistem Ben 10 e todos os outros desenhos e filmes horrorosos que existem por aí. Quem entende?

Enquanto o povo fala mal da Disney, vi muitas crianças nas igrejas com seus brinquedos com temas de desenhos na mão, com suas roupas e sapatos dos seus personagens preferidos, com seus monstrinhos, e fazendo suas festinhas de aniversário com esses temas.

Para mim a Disney foi redimida. Assisto, compro os DVDs e gosto muito dos filmes que eles têm feito. Faço a minha seleção, lógico, como seleciono tudo que assisto e ouço.

E estamos contando os dias para a estreia de Nárnia 3.
(P.S.: É, eu sei que a Disney não está no grupo do terceiro filme).

P.S.: Em Pessach (Páscoa) do ano passado queria um filme sobre Moisés para assistirmos em casa com meu sobrinho e lembrei do Príncipe do Egito (Não é da Disney, mas é "secular"). Comprei o DVD e meu sobrinho amou o filme e virou um de seus preferidos, e enquanto assistíamos, eu ia contando a história para ele e comentando sobre as licenças poéticas do filme, mas que não comprometiam a história.

Ensina a criança... Ele tinha dois anos e foi a uma célula de crianças. Um amiguinho estava comendo biscoitos (ou melhor, isopor, argh) e oferece. Ele vê no pacote do biscoito a figura de um monstrinho de desenho animado que aprendeu que não era de Papai do Céu. Aí ele diz: "Não, é feio". E não quis comer o biscoito. Meu herói.

Sobre desenhos animados, filmes e mensagens subliminares

Esse assunto é muito comentado, mas poucas vezes vejo uma reflexão séria sobre ele. As pessoas gostam muito de procurar cabelo em ovo, mas o essencial, a mensagem dos programas ninguém aborda. Falam tanto em mensagens subliminares, em figuras escondidas, em rodar o CD ao contrário, coisas que não me atraem, mas deixam passar o que está explícito. Outra coisa que nunca ouvi falar é sobre a mensagem principal dos desenhos, e não precisa caçar bruxas para saber qual é essa mensagem, é só desligar o piloto automático e pensar um pouco.

Tudo começou quando estávamos na casa de amigos conversando e dois meninos pequenos assistiam ao filme-desenho Procurando Nemo. Nós não conhecíamos e não paramos para prestar atenção. De repente, no meio do filme, começa um ritual de iniciação e os peixinhos cantam uma música em algum dialeto desconhecido. E imediatamente um dos meninos começou a cantar junto aquela língua estranha e ele cantava certinho. Nessa hora nós paramos e olhamos para o menino, para o filme, para o menino de novo. E ficamos assustados.

Depois disso compramos o filme, porque seria objeto de demonstração nas palestras de guerra espiritual. A cena do filme era assustadora e não fazíamos ideia do que eles cantavam. E a mensagem da cena era terrível. Um peixinho trazido do mar é colocado em um aquário e os peixes veteranos fazem um ritual de iniciação para o novato ser aceito na Irmandade Aquariana e cantam uma música em língua estranha. A mensagem estava toda ali. Um peixe pedindo licença para entrar na Era de Aquarius. E nem quero imaginar o que diz aquela música.

Só que o filme é uma gracinha, ensina a obediência aos pais, tem lições boas, é divertido, inteligente e nós gostamos muito dele. E por coincidência, na mesma época passamos a cuidar de uma criança de dois anos para que a mãe dela pudesse estudar, e nós deixávamos a criança assistir, mas sempre pulávamos o quadro na hora da cena do ritual de magia, ela não via aquilo.

Costumo ensinar nas palestras para crianças o que fazer quando for assistir a um programa de TV. Primeiro, claro, selecionar. Não adianta orar e rejeitar maldição de filme de terror ou coisa parecida, não há oração que resolva isso. Não devemos assistir e pronto. A segunda coisa é orar antes e depois de ver o filme ou desenho, rejeitando e cancelando toda maldição, todo feitiço e todo encantamento do filme. E também oramos do mesmo jeito com todos os filmes e desenhos que compramos.

O episódio do Nemo nos fez prestar atenção em todos os desenhos que assistimos e descobrimos que em praticamente todos eles há alguma cena sinistra, que não precisamos de lupa, nem assistir ao contrário para descobrir, está tudo ali, para quem quiser ver. E aqui em casa sempre adiantamos o filme para pular essas cenas ou desligamos o som quando começa a cena. Vou citar alguns exemplos.

Carros (Relâmpago MacQueen) – Esse filme tem uma lição de vida tão linda. Mas há duas cenas sutis, no início e no meio do filme, quando o Relâmpago fica repetindo palavras de auto-hipnose.

Nárnia 1 – Tiramos o som e oramos rejeitando o encantamento quando o senhor Tumnus toca a flauta para Lúcia e ela dorme. Aquela música me incomoda e preferimos não ficar ouvindo.

Nárnia 2 – Fazemos o mesmo quando a bruxa faz um círculo no chão em volta do príncipe Caspian e pronuncia um encantamento em língua estranha.

Príncipe do Egito – Tiramos o som também quando os magos do Egito falam palavras em língua estranha.

Enfim, praticamente todo filme que tem uma cena de encantamento com música ou palavras em língua estranha, então desligamos o som e rejeitamos o feitiço.

Nós não deixamos de assistir aos programas que gostamos, mas ficamos atentos a essas cenas. Seguimos o conselho de examinar tudo e reter o que é bom. Sempre há lições de vida, de superação, de crescimento pessoal, mas não aceitamos as mensagens de maldição.

O que eu não gosto é da idolatria que as crianças aprendem nos desenhos e filmes de super-heróis. A mensagem é sempre que o mundo pode ser salvo por uma pessoa com superpoderes. A ideia de superpoderes não me agrada nada, principalmente de onde vêm esses superpoderes. Vejo como um grande perigo incutir na mente das crianças o desejo de ter superpoderes e fazê-las acreditar que não precisam do Eterno, que elas podem ser autossuficientes ou que podem ter outros heróis no lugar do Eterno.

Em contrapartida, sou totalmente contra ao Ben 10. Fui a um aniversário de uma criança de família religiosa e o tema da festa era Ben 10. Não fazia ideia do que era esse desenho, mas achei horrível. E quando voltei, fui pesquisar e levei um susto com o que li. Um menino que encontra um relógio que lhe dá poderes para se transformar em dez personagens sinistros. Os nomes dos monstrinhos já são assustadores. Para mim o menino incorpora os mostrinhos. O pior é que depois soube de várias festas de crianças religiosas com o tema Ben 10. É um febre e uma praga. Bastaria uma rápida pesquisa na internet e pronto, saberiam que não é apropriado.

Melhor parar por aqui. O assunto é extenso e tenho muitas histórias para contar. Vou escrever em outro post sobre a redenção da Disney.

Ensine a criança... Ver um menino de cinco anos tirar o som das cenas de feitiço dos filmes e ouvi-lo dizer para um comercial de TV que o mundo dele não vai ser destruído, não tem preço.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Como posso saber se liberei perdão?

Tenho dois textos sobre perdão. Coloquei os dois juntos hoje e você pode ver se eles respondem a sua pergunta. Se não responderem, avise e eu posso falar mais sobre o assunto.
Shabat shallom!

Ask me anything

Perdão e confiança

"Mesmo que você não goste de alguém, você precisa amar esta pessoa. Realmente existem muitas pessoas de difícil convivência, as quais definitivamente não gostamos, mas podemos e devemos amá-los". Marcos de Souza Borges (Coty), em A Face oculta do amor

Aprendi uma grande lição sobre perdão e restauração da confiança e gostaria de compartilhar. Não confiar em alguém não significa que não houve perdão. Perdoar um ladrão não significa que se deve confiar nele ao ponto de deixar sua carteira perto dele e sair da sala, se ele não mudou, se não se arrependeu. Perdoar uma pessoa que te molestou quando criança não significa que você vai deixar seu filho pequeno sozinho com um pedófilo, se ele também não demonstra mudança em sua vida.

Conheço uma história que explica bem esse processo. Uma criança foi molestada por um adulto. Quando essa criança cresceu e teve noção do que isso significou espiritualmente na sua vida, depois de passar por libertação, ela decidiu liberar perdão para ele. E foi o que fez e ainda teve a oportunidade de dizer isso a ele. Mas não foi ele que pediu perdão, ela é que decidiu perdoar diante de Deus.

Um tempo depois ela ficou sabendo que estavam querendo trazer uma criança para morar na casa daquele homem, para ele cuidar. Sua reação foi dizer que era contra, porque esse homem, infelizmente, teve um encontro com Cristo, mas se afastou e sua vida ficou, como a Bíblia diz, no segundo estado pior que o primeiro. Além disso ela tinha conhecimento de que pelo mais uma criança havia passado pela mesma situação, com o mesmo homem. Talvez, se a história viessa à tona, outras poderiam aparecer.

Sim, houve perdão. Mas para que a confiança seja restaurada é preciso haver mudança de comportamento. Não perdoamos alguém porque esse alguém mudou, perdoamos porque temos que perdoar. Mas confiamos novamente porque a pessoa mudou. Se não houve mudança, não há como confiar. E confiança leva tempo para ser conquistada novamente.

Se alguém adultera e o cônjuge perdoa, vai levar um tempo para que a pessoa prove que mudou e para que o cônjuge confie nela inteiramente de novo. Isso não quer dizer que não perdoou.

E se não houve arrependimento, se liberamos perdão apenas diante de Deus, não há como confiar novamente na pessoa. Não houve aí um pedido de perdão. Há coisas que nós perdoamos espiritualmente, mas a comunhão com a pessoa só pode ser refeita se houver arrependimento sincero e mudança de comportamento. Isso não é um falso perdão com separação, mas sim uma quebra de confiança. Para se resgatar a confiança é necessário que a pessoa que pecou peça perdão e mostre que não vai fazer mais. Em Lucas diz que devemos perdoar se houver arrependimento: "Tomem cuidado. 'Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: 'Estou arrependido', perdoe-lhe'." Lucas 17.3,4. [grifo meu]

Perdão também não significa passar a mão por cima e fingir que a pessoa não errou. Dizer a verdade, admitir que a pessoa fez algo errado, não quer dizer que não houve perdão. Se a pessoa roubou, é preciso assumir que ela roubou, isso é um fato, não há como mudar. Podemos perdoar, mas não apagar o que ela fez.

“O perdão não quer dizer fechar os olhos para os comportamentos abusivos ou insensatos, nem confiar em quem não é digno de confiança. Perdoar é algo que você faz para você mesmo ter paz; o perdão dissolve a raiva, como se ele fosse um antiácido. É uma forma de olhar para os outros como pessoas incapazes de amar e de apreciar você da forma como precisa. Você perdoa a pessoa, não o ato.” (Kay Talbot, citado por Doris Wagner, em Como ministrar libertação. Vida.. Grifo meu)

"Amigo, eu não estou dizendo que isso seja fácil, mas Cristo claramente diz que é absolutamente necessário. Muitos cristãos não têm poder porque ignoram essa ordem fundamental. Gaste tempo considerando aqueles a quem você possa ter ofendido. Ocorrem tremendos milagres nas famílias quando alguém se humilha e pede perdão por algo de errado que tenha feito. Avivamentos poderosos ocorrem em igrejas inteiras quando um ou dois irmãos realmente acertam suas diferenças. Nós precisamos entender que as picuinhas entre cristãos podem facilmente apagar o Espírito de Deus em toda a igreja! Amigo, o Espírito Santo é muito sensível e você precisa levar seus relacionamentos a sério. E lembre-se, o perdão é uma escolha, não um sentimento. Se você escolher perdoar, Deus mudará seus sentimentos." Gregory Frizzell, em Como desenvolver uma vida poderosa de oração